sexta-feira, janeiro 21, 2005

Mais do mesmo...

“Façamos uma campanha pela positiva, que contribua para a elevação do debate político e que se centre na divulgação das propostas políticas do PS para o futuro de Portugal.”


Esta é a mensagem que o Eng. Sócrates transmitiu há pouco tempo a todos os militantes do PS. Há, no entanto, uma clivagem entre esta mensagem e o que este partido tem vindo a fazer. Desde a declaração da dissolução da Assembleia da República feita pelo senhor Presidente da República que os socialistas entraram em transe, não conseguindo ainda pôr os pés na terra e deixar de pensar nos lugares que poderão vir a ocupar, fazendo jus à velha máxima guterrista de Job for the boys.
O Partido Socialista, de repente, achou-se num limbo só com a possibilidade de voltar a distribuir os lugares pelos seus lobbis internos e estes, pensando serem seres predestinados a ocupar esses lugares sem terem que prestar qualquer tipo de serviço aos portugueses, não se fazem rogados em iniciar, ainda antes da campanha eleitoral começar, a distribuição dos lugares, qual jogo das cadeiras.
Pensar-se-ia que o principal partido da oposição, ao vislumbrar a possibilidade de vir a ser poder, começasse a apresentar aos Portugueses alternativas à actual política da maioria, já que durante estes anos apenas fez a crítica pela crítica. Pensar-se-ia, mas ao fazê-lo incorríamos em erro. A grande preocupação dos socialistas parece ser a de não querer que se saiba nada do que vão fazer. Os socialistas apresentaram as Novas Fronteiras, uma forma reciclada dos Estados Gerais de António Guterres, como uma nova visão para o país. No entanto, a falta de ideias e a não predisposição do partido tem resultado num fracasso demonstrado no simples facto que, há falta do líder, as cadeiras dos auditórios por onde passa ficam vazias. Este cenário não é de estranhar. Os socialistas têm mais em que pensar, os cargos e lugares são muitos…
O Partido Socialista prepara-se para, caso ganhe, governar em coligação com o Bloco de Esquerda. Isto é mais que evidente, pois a forma de agir do Bloco, a demagogia pura e dura, é já utilizada pelos socialistas. Se um jornalista pergunta sobre alguma medida concreta caso o PS saia vencedor das eleições de 20 de Fevereiro, a resposta que ouvimos é sempre a mesma, ou seja, o vazio e a remeter para mais tarde, assegurando, no entanto, que a matéria será sujeita a profundo estudo. Caso, infelizmente muito raramente, apresenta algum tipo de medida que poderá vir a tomar, à mínima resistência, logo aparece uma chuva de desmentidos. Um exemplo disso mesmo foi o sucedido com o referendo sobre a despenalização do aborto, noticiado pelo jornal Público e assumido em editorial como tendo sido o próprio José Sócrates a afirmá-lo. O PS dizia que o dito referendo poderia inclusive vir a ser realizado à frente do da Constituição Europeia. Esta notícia provocou de imediato um desmentido, onde se afirmava a necessidade de "consensos".
Está há vista de todos, o PS continua preso ao que de pior se viu com António Guterres: vazio de ideias, falta de uma linha de rumo, um recuar face a uma qualquer resistência. Portugal não vive tempos para complacências. Exige reformas e coragem para as fazer. Exige tempo para aplicar essas reformas e todos nós sabemos que numa legislatura é impossível reformar seja o que for. Quanto mais em meia!


Nuno Gonçalves de Matos
(Dir. Inf. JSD Alto Minho)